“Elefantes famintos”, primeira peça do grupo, é uma das quatro montagens que compõem a mostra
Foto: Luiz Alves
Quatro enredos, diferentes temáticas e formatos de espetáculo diversos. Tudo isso sendo produzido ao mesmo tempo. A iniciativa-desafio em questão é a mostra repertório do Teatro Esgotado, início da programação comemorativa do aniversário de cinco anos do grupo.
Formado por Noá Bonoba e Juliana Tavares, o time costuma contar com o apoio de outras pessoas para alicerçar as produções. O estilo colaborativo se repete nas produções que estão em cartaz em Fortaleza a partir de hoje.
Como berço, o Teatro Esgotado teve o Instituto Federal do Ceará, uma das mais tradicionais escolas teatrais da capital cearense. Noá, que hoje é formada em teatro pela instituição, era, à época, monitora de uma das disciplinas ofertadas no curso.
O fim da cadeira trouxe a ela, a Juliana e a outros estudantes o desejo de continuar o trabalho. Daí, surgiu o grupo, que subiu ao palco, inicialmente, com esquetes apresentadas em festivais e logo no ano seguinte à formação, 2015, estreou “Elefantes famintos”, peça que compõe a mostra repertório do grupo.
De acordo com Noá Bonoba, a apresentação tem teor de crítica: “a gente quer questionar a a normatização dos corpos e abre o debate para a ideia de que essa norma em certo momento fracassa e esse mundo fictício começa a ruir”.
Outros enredos
Contemplando um universo totalmente diverso, a peça “Sonhei com bolhas intergaláticas” é voltada para o público infantil e traz à tona a possibilidade de inventar outros mundos e outras realidades. Os artifícios cenográficos auxiliam a viagem: “Usamos elementos que geram efeito de ilusão”, conta Noá. Já “Notas de uma terra devastada” aborda massacres ambientais, questões indígenas e a devastação da natureza, causada por ação humana.
Em processo
Completa o círculo de apresentações a peça “Não me olhe”, que vai ser exposta ao público ainda na fase de montagem. Baseado nos textos “Psicose 4.48” (Sarah Kane) e “O ovo e a galinha” (Clarice Lispector), o espetáculo, segundo Noá, “aborda o medo do enlouquecimento e o medo da morte” e só será oficialmente estreado em dezembro, encerrando a programação comemorativa dos cinco anos de grupo. Por enquanto, o público pode conferir como forma de se aproximar de uma montagem em construção.
Juliana Tavares, a outra componente fixa do Teatro Esgotado, comenta que pôr de pé toda essa estrutura cênica exige esforço conjunto. Não há nenhum recurso ou financiamento público que auxilie na montagem das produções, mas as duas integrantes contam com o afeto e a força de trabalho de pessoas que acreditam no que vem sendo realizado nestes cinco anos para concretizar cada uma das peças. “São dez pessoas ajudando na mostra, entre atores, operadores de luz e som e assessores de imprensa, por exemplo”, explica Juliana.
O resultado dessa construção coletiva pode ser conferido pelo público em diferentes datas, a começar por esta sexta-feira (10), no palco do Teatro Dragão do Mar.
Para os próximos cinco anos, o desejo de Juliana Tavares é de um crescimento multifatorial. “Eu espero que o grupo possa se fortalecer ainda mais, que tenhamos a companhia de mais colaboradores e, principalmente, que a gente tenha o apoio de políticas públicas que incentivem as artes no nosso Estado”.
Serviço:
Sonhei com Bolhas Intergalácticas
Dia 18 de maio, às 18h30, no Cucu Jangurussu (Av. Gov. Leonel Brizola, s/n, Jangurussu).
Grátis. (3444.6201).
Elefantes Famintos
Dias 12, 19 e 26 de maio, às 20h, no Teatro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema).
Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia). (3488.8600).
Não me Olhe
Dias 10 e 17 de maio, às 20h, no Teatro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema).
Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia). (3488.8600).
Notas de uma Terra Devastada
Dias 11, 18 e 25 de maio, às 20h, no Teatro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema).
Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia). (3488.8600).