Há quatro anos, a aposentada Dinelva Vanderley não escondia a ansiedade de ter seu primeiro neto. Porém, sua nora, com quatro meses de gestação, começou a sentir as complicações da gravidez quando apresentou insuficiência prolongada de líquido amniótico, que pode causar aborto espontâneo. “O médico disse que ela ia perder o bebê”, conta. Devota do Padre Cícero, a mulher fez uma promessa com o patriarca de Juazeiro do Norte e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. No dia 17 de dezembro de 2015 veio ao mundo sua descendente, uma menina saudável.
Diante da graça alcançada, ela viajou de Maceió (AL) até o Cariri cearense para agradecer ao santo popular dos romeiros. De joelhos, Dinelva entrou na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde o “Padim” está sepultado. No túmulo, coloca a foto de sua netinha de quando ainda era um bebê. “Foi uma bênção. Hoje, ela está com saúde. Uma graça maravilhosa. Foi muita emoção”, lembra.
A alagoana é uma das milhares de pessoas que peregrinaram até Juazeiro do Norte para celebração da Romaria de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade. As festividades tiveram início no último dia 8 e se encerram hoje (15), com estimativa, da Igreja Católica, de que 60 mil fiéis participem da tradicional procissão com a imagem de Nossa Senhora das Dores, que terá início às 17h. Após o cortejo acontecerá a Bênção do Santíssimo Sacramento e depois show pirotécnico.
Roteiro e tradição
De várias partes do Nordeste, os romeiros se aglomeram nas proximidades da Basílica de Nossa Senhora das Dores, onde fazem o “roteiro de fé” pelas ruas do Centro de Juazeiro. Cada um deles traz uma motivação diferente para pisar a terra que consideram a “nova Jerusalém”. Fé, tradição familiar, trabalho. Os sacrifícios também são muitos. Horas e mais horas de estradas. Alguns economizam o ano inteiro para não deixar de estar presente em mais uma romaria.
Maria da Conceição Januário, romeira de Maragogi (AL), por exemplo, percorreu quase 680 quilômetros do município alagoano até Juazeiro do Norte. Com fé no Padre Cícero, em Frei Damião e na “Mãe das Dores”, como carinhosamente é chamada a padroeira juazeirense, foi agradecer por voltar a andar após sofrer com a Chikungunya. Este trajeto ela faz desde 1979. “Fiquei com muitas dores. Andava me arrastando pelo chão. Era da cama para o banheiro. Fiquei curada. Sempre venho para agradecer com muito orgulho”, afirma.
“Já perdi as contas de quantas vezes vim aqui”, confessa Maria de Lourdes da Silva, que trouxe um pedido diferente ao “padrinho”: orou para seu filho parar de beber. “E está deixando”, garante. A comerciante Margarida dos Santos também viajou até Juazeiro para, segundo ela, agradecer “o milagre de ver o filho voltar a andar após ter sido operado”. “Ele nasceu aleijado. Trouxe ele para cá em cima de um caminhão. Chegou aqui e ficou bom. Meu Padre Cícero iluminou o caminho”, garante a romeira de Maceió (AL).