A onda de ataques chega ao 11º dia seguido no Ceará. Na madrugada desta segunda-feira (30), no bairro Passaré, em Fortaleza, um incêndio foi registrado contra um caminhão. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) contabiliza, nos últimos 10 dias, pelo menos 109 ataques e 147 suspeitos de envolvimento nas ações capturados, sendo 114 adultos e 33 adolescentes.
Incêndio em caminhão
No bairro Passaré, na madrugada de segunda-feira, um incêndio foi registrado contra um caminhão. De acordo com moradores, criminosos atiraram garrafas com gasolina contra o caminhão. O Corpo de Bombeiros conseguiu apagar as chamas antes de o fogo atingir parte da fiação elétrica.
Uma equipe da Polícia Militar foi até o bairro e recolheu várias garrafas. Uma delas, não acionada, foi encontrada embaixo de um pneu do veículo. O caminhão ficou com o painel e toda a cabine do motorista destruída. O proprietário não chegou a contabilizar o prejuízo, mas estima que será alto.
Já no fim da noite de domingo (29), um posto localizado na Avenida José Holanda do Vale, em Maracanaú, foi alvo de ataque por pelo menos seis criminosos. Eles invadiram o local, depredaram janelas, quebraram objetos e atearam fogo na loja de conveniência. Em seguida, jogaram coquetéis molotov e fugiram, de acordo com a Polícia Civil. O Corpo de Bombeiros foi até o local e conseguiu controlar as chamas. Não houve feridos.
Reforço policial
O titular da SSPDS, André Costa, afirmou que a onda de violência é uma reação dos detentos que querem a volta de “regalias” nos presídios do Ceará. A reportagem do Diário do Nordeste apurou que os ataques têm ligação com supostas torturas ocorridas dentro das unidades prisionais. A facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) é tida como a autora das ações criminosas.
Para combater a criminalidade, o Governo optou por reforçar o policiamento nas vias públicas e transferir dezenas de presos chefes de facção. As medidas reduziram o número de ataques, por dia. Mais de 500 presos já foram transferidos de penitenciárias estaduais na tentativa de desarticular a organização responsável por ordenar e executar os atentados.
Transferência de líderes de facções
Um dos transferidos para presídio federal é o paraibano Ednal Braz da Silva, 46, o ‘Siciliano’. O homem pertence à cúpula da Guardiões do Estado. Em nota, a SSPDS divulgou que “o isolamento de chefes como ‘Siciliano’ em unidades federais é uma medida utilizada com o objetivo de enfraquecer a atuação de grupos criminosos”.
A reportagem apurou que a maior parte dos presos pelos ataques afirma, em depoimentos, não pertencer à GDE, mas assumem ser simpatizantes da organização. Há também aqueles que informaram ter conhecimento de que a área onde residem é território dominado pela facção.
Dentre os que se disseram ser “simpatizantes” da facção local, estão os presos Gian dos Santos e Francisco Alisson Alves Gadelha. Santos é suspeito de participar de um ataque ocorrido na cidade de Pindoretama, e Gadelha estaria incitando ações criminosas, fazendo apologia ao crime por meio de perfis nas redes sociais.
A Secretaria informou que Francisco Alisson Alves Gadelha foi preso em Maracanaú. Já Gian dos Santos foi capturado junto a um adolescente quando colocavam fogo em um canteiro. Gian teria confessado participação em uma tentativa de incêndio a um veículo. Em depoimento, Gian dos Santos acrescentou que tocou fogo “para ver a loucura no mundo”.