A vitória foi no fim, mas trouxe alívio. Aos 45 do 2º tempo, eis que Edson Cariús garantiu a vitória do Fortaleza sobre o Caucaia pela abertura da segunda fase do Campeonato Cearense. Resultado que foi o primeiro do Leão em 2020, logo na busca pelo bicampeonato no Presidente Vargas (PV).
Mas o placar em si é diminuto, o valor da partida é a experimentação. Rogério Ceni pode dar o passo que faltava ao apostar na variação tática, mesmo que fruto da carência de reforços. O torcedor viu um time alternativo e também diferente em campo: 4-4-2.
É a reestruturação da formação, da filosofia e da metamorfose ofensiva empregada desde o início de 2019. O Leão do Estadual contou com três volantes, um camisa 10 de origem, apenas dois atacantes e se mostrou, parcialmente, mais organizado.
Novo estilo que tinha recém-chegados como o volante Michel e o zagueiro João Paulo. De fato, foi estreia para um time com losango no meio-campo, compactação e bolas alçadas na grande área.
Pelo nível técnico, a equipe não teve resistência para ocupar o último terço do PV – a aposta rival era aguardar o contra-ataque. A diferença tricolor era na construção, em que a quebra das linhas de marcação ocorriam pelo avanço dos laterais e da visão de jogo dos volantes Michel e Bonilha.
O peso da novidade, no entanto, é a ausência de ritmo e entrosamento. Sem Felipe Alves, houve dificuldade na disposição na saída de bola, o que retardou o avanço com intensidade. Com plantel menos móvel, as brechas eram evidentes quando o Caucaia atacava, seja pelo alto ou com triangulações: sempre com Jacaré, que até treinou com Ceni, mas foi dispensado.
No todo, o saldo é positivo. Alivia a pressão de um empate fraco tecnicamente com o Vitória/BA e às vésperas de um Clássico-Rei. Titular ou não, a obrigação do Fortaleza é vencer, ainda mais na briga pelo Bi. A atmosfera de contato com o torcedor também funciona como motivação após um mês quase inteiro de pré-temporada.
Só que o interessante mesmo é a variabilidade, disposição pela mudança e oportunidade. Na partida, Ceni testou três formações.
60 min (4-4-2): Marcelo Boeck; Tinga, João Paulo, Jackson e Carlinhos; Michel, Nenê Bonilha, Derley e Mariano Vázquez; Edson Cariús e Ederson.
15 min (4-3-3): Marcelo Boeck; Tinga, Michel, Jackson e Carlinhos; Nenê Bonilha, Derley e Mariano Vázquez; Osvaldo, Edson Cariús e Romarinho.
21 min (4-2-4): Marcelo Boeck; Tinga, João Paulo, Jackson e Carlinhos; Derley e Mariano Vázquez; Romarinho, Osvaldo, Edson Cariús e Wellington Paulista.
É um esboço positivo de possibilidades. Cenário promissor e que mostra a força do elenco do Fortaleza e também do potencial da comissão técnica. É o ano que apenas começa, mais ameno pelo desempenho, mas ainda carregado de expectativa por um Leão que tem nas costas o peso de 2019 ter sido o maior ano da história dos 101 de fundação.