Resultado da dissertação de mestrado do professor Luciano,a obra utiliza o método autobiográfico e tem como objetivo propor a inclusão da capoeira na Educação Física Escolar, nos primeiros anos do ensino fundamental. A iniciativa atendeu requerimento do presidente da Comissão de Educação da AL, deputado Queiroz Filho (PDT), e do presidente da Comissão de Educação da Câmara de Fortaleza, vereador Evaldo Lima (PCdoB).
Segundo o diretor executivo do Inesp, João Milton Cunha, produzir o livro de Luciano Herbert foi gratificante. “Quando fazemos um livro, sabemos que não é só o papel que está ali. É a história de vida dos Herberts, das pessoas que, às vezes, vêm de uma origem humilde e fazem uma resistência política, passam por inúmeras dificuldades no mestrado, na educação dos filhos, e tudo isso está embutido nas edições Inesp”, comentou.
O vereador Evaldo Lima destacou a relevância da capoeira como tradição da luta, da resistência e da herança colonial. “A capoeira é resistência. A gente precisa cada vez mais ter essa possibilidade do acesso às nossas lutas, à nossa memória e à nossa história, para que a gente possa ter zelo com o tempo presente”, afirmou.
Capoeirista e professor de Educação Física da rede municipal de ensino de Fortaleza, Luciano Herbert ressaltou que a capoeira é riquíssima, mas estava sendo colocada à margem do currículo escolar, tanto pelo despreparo do professor de Educação Física na sua formação como também pelo preconceito. Herbert salientou ainda que a criança tem o direito de vivenciar sua história e sua cultura com um olhar crítico e reflexivo, mas sem perder a ludicidade.
“Eu falava para os capoeiristas: todos vão ganhar com a facilitação da capoeira como um dos conteúdos da educação física escolar, porque a criança vai vivenciar isso em toda a educação básica, e os capoeiristas vão ter, possivelmente, mais alunos fora da escola também, e a capoeira vai ser estudada e colocada no ambiente formal de ensino, porque a cultura brasileira valoriza muito o que está na educação formal”, argumentou.
De acordo com a professora doutora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Elizabeth Jatobá, o livro é altamente didático, uma vez que foi trabalhado nos critérios da cientificidade e da história. “A gente fez a viagem à África, que é uma supervalorização e um resgate, porque às vezes a pessoa começa a fazer capoeira pelo movimento, pelo domínio da técnica, e não era isso que Luciano fazia. Ele fazia a gente adentrar nessa história, pensando nos países que tinham sido históricos na questão da luta e dos escravos que vieram para cá, adequando tudo a essa metodologia”, explicou.
O professor aposentado da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Luiz Cirqueira Falcão, apontou a importância de trazer memórias e relatos para fazer esse movimento de diálogo entre a universidade e a cultura popular. “É um trabalho vivo, que traz experiências vivenciadas e problematizadas do cotidiano das classes populares e ainda com uma manifestação tão rica, que já conquistou o título de patrimônio cultural e imaterial da humanidade. Isso não é pouco, se pensarmos que há menos de 100 anos a capoeira era criminalizada no Brasil”, assinalou.
A obra “Possibilidade Metodológica para a Capoeira na Educação Física Escolar dos anos iniciais do Ensino Fundamental” está disponível para download gratuito no link: https://www.al.ce.gov.br/index.php/publicacoes-inesp/category/111-educacao-pedagogia.
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