Durante a live, Camilo Santana assinou memorando com empresa australiana que deverá produzir hidrogênio verde no Complexo do Pecém
O Governo do Ceará, em parceria com Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Complexo do Pecém (CIPP S/A), lançou na manhã dessa sexta-feira (19), o HUB do Hidrogênio Verde. Durante o evento, o governador Camilo Santana apresentou o potencial do Estado em se tornar um fornecedor global desse tipo de combustível, contribuindo para a redução dos níveis de CO2.
A ideia é buscar reduzir a emissão de poluentes com novos investimentos e ampliar as oportunidades de negócios e geração de empregos no Ceará, para assim impulsionar a economia do Estado. O hidrogênio verde (H2V) é produzido através de fontes renováveis e é atualmente considerado o pilar da transformação energética mundial por poder ser obtido através da eletrólise da água, uma fonte livre de carbono.
“Todo o mundo caminha para a utilização de energia limpa e o Ceará está na vanguarda que vai mudar a realidade socioeconômica, pois temos todas as condições favoráveis para produzir e exportar o hidrogênio verde”, afirmou Camilo Santana.
Durante o evento virtual foram assinados três documentos: um memorando de entendimento entre secretarias de Estado, Complexo do Pecém (CIPP S/A), Fiec e UFC; um Decreto que institui um Grupo de Trabalho que reunirá representantes de todas as instituições que vão colaborar para fortalecer a cadeia do hidrogênio verde no Ceará; e um memorando de entendimento com a empresa australiana Enegix Energy, que pretende instalar uma usina para produzir H2V no Complexo do Pecém.
O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, ressaltou a importância desse momento para a economia do Ceará. “Desde 2013 se vem discutindo o uso de combustíveis limpos. Vai mudar toda a base industrial. E o Ceará, com toda essa capacidade de produzir hidrogênio verde, vai se tornar um grande fornecedor mundial”.
O reitor da UFC, Cândido Albuquerque, agradeceu ao governador pela oportunidade em participar e apoiar essa transformação no Ceará. “Nosso papel é esse: apoiar pesquisas e projetos como esse, que representa a eliminação do CO2. Merece aplausos essa iniciativa inédita”.
O vice-presidente do Porto de Roderdã, René Van Der Plas, também participou por videoconferência direto da Holanda. “O Ceará já é muito forte na geração de energia eólica e solar, e temos a infraestrutura necessária para a produção de hidrogênio verde e a exportação em grande quantidade. Essa assinatura mostra o comprometimento de todos os setores do Estado para a redução da emissão de poluentes”.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Junior, também agradeceu ao governador pela visão de futuro e a todas as equipes técnicas envolvidas. “É um projeto de futuro. Hoje damos um pontapé importante para colhermos os frutos lá na frente. Um projeto que pela primeira vez une Governo, Academia e setor produtivo. Importante ressaltar que iremos mudar a realidade dos cearenses com novas oportunidades de emprego e renda com a criação desse Hub”.
Enegix Energy
A Enegix foi estabelecida com a visão de implantar e gerenciar redes de energia em escala de utilidade, alimentadas de forma renovável, por hidrogênio, considerado componente-chave usado para armazenamento e distribuição de eletricidade, transporte, aplicações de combustível e usinas de reeletrificação para impulsionar uso de energia limpa pelos principais mercados.
A empresa tem como missão facilitar a mudança das sociedades através do hidrogênio, permitindo energia renovável e estável e conectividade da infraestrutura central com serviços públicos e comunidade. Sua visão é ser o líder global em geração de energia verde, identificando e garantindo fontes de energias renováveis de grande escala e econômicas, usando tecnologias de transporte de hidrogênio eficientes e comprovadas, e fornecendo energia elétrica e combustível sem carbono para governos e projetos.
O CEO da empresa australiana Enegix Energy, Wesley Cooke, participou de forma remota, por vídeoconferência. O memorando de entendimento prevê um investimento de U$ 5,4 bilhões de dólares. “Esse é um grande projeto que irá gerar milhares de empregos em sua construção, e centenas após o início da operação, ajudando a melhorar a vida de muitos cearenses. Estamos muito felizes em fazer parte desse projeto em parceria com o Ceará”.
Instituições parceiras
Assinaram o memorando, por meio do Governo do Estado do Ceará, as Secretarias do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), da Educação (Seduc), Meio Ambiente (Sema), Fazenda (Sefaz), Infraestrutura (Seinfra), Recursos Hídricos (SRH), e Assessoria de Relações Internacionais, da Casa Civil. E também as seguintes instituições: Federação das Indústrias do Estado Ceará (Fiec), Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Complexo do Pecém (CIPP S/A).
Um Decreto institui o Grupo de Trabalho com representantes de todas as instituições citadas para desenvolver e fomentar as atividades de produção, armazenamento, distribuição e consumo de Hidrogênio Verde no Estado do Ceará, bem como a identificação de toda a cadeia de valor, gerando novos investimentos, novas oportunidades de negócios e de empregos na região.
Rota de exportação e outras vantagens
Vale destacar o grande potencial produtor de energias renováveis do Ceará, a localização geográfica e estratégica, assim como a capacidade logística e consumidora de Hidrogênio Verde do Complexo do Pecém. A infraestrutura e as parcerias internacionais facilitarão também a exportação, contribuindo, assim, para que o Ceará desponte como o primeiro HUB de Hidrogênio Verde do Brasil e da América Latina. A exportação de H2V através do Porto do Pecém será a mais curta entre a América do Sul e a Europa e, consequentemente, a de menor custo.
“O Hidrogênio Verde produzido no Complexo do Pecém será fornecido para todo o mundo, atendendo às mais diversas empresas em seus respectivos segmentos. Esse tipo de combustível será, com certeza, a energia das próximas gerações. Além disso, será importante para as empresas instaladas no Complexo do Pecém, pois ganharão novas possibilidades com essa nova fonte de energia limpa”, enfatiza Danilo Serpa, CEO do Complexo do Pecém (CIPP S/A).
De acordo com as projeções internacionais, em 2050, o Hidrogênio representará 18% de toda a energia consumida mundialmente, reduzindo anualmente 6 Gt de emissões de CO2 e eliminando os principais poluentes do ar como o dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (Nox) e materiais particulados, reduzindo também o nível de ruído nas cidades. O setor de transporte irá consumir 20 milhões a menos de barris de petróleo por dia, aumentando significativamente a segurança energética dos países, e o crescimento econômico será baseado em um Desenvolvimento Sustentável, gerando uma receita de mais de $2,5 trilhões por ano e empregando mais de 30 milhões de pessoas mundialmente.