Foto: Dário Gabriel
No Dia Internacional da Síndrome de Down, o Centro Inclusivo para Atendimento e Desenvolvimento Infantil (Ciadi) da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) promoveu evento com abordagens diversas sobre a síndrome, como o diagnóstico e o papel da família, os direitos das pessoas com deficiência, questões médicas, inclusão na educação e no mercado de trabalho.
O Seminário “Síndrome de Down: Essência de puro amor” reuniu, nesta terça-feira (21/03), especialistas, famílias e pessoas com a trissomia do 21, como também é conhecida a síndrome, em um momento de informação, visibilidade e partilha de experiências durante a manhã e a tarde.
No período da tarde, no auditório Murilo Aguiar, houve apresentações artísticas de Marcello Batista e Alice Peres. A primeira-dama da Alece, Cristiane Leitão, reiterou a importância de a sociedade estar atenta e ativa em prol da inclusão e a necessidade da transformação da sociedade.
O trabalho do Ciadi e a dedicação da equipe de profissionais foram elogiados por ela, que apontou o acompanhamento multidisciplinar como essencial para um desenvolvimento pleno, afirmando ainda que serviços como esse precisam ser ampliados e chegar a mais pessoas.
O destaque da programação do seminário no período da tarde foi a mesa “Inserção no mercado de trabalho”, um espaço para que oito jovens com síndrome de Down (T21) compartilhassem suas experiências com o público
Melina da Costa fala sobre sua rotina no trabalho. Vídeo: Núcleo de Mídias Digitais
A importância do trabalho para a vida foi unânime entre os relatos dos jovens, apontando a força das oportunidades e dos espaços sociais para o desenvolvimento de todos.
Ana Beatriz Bezerra, Victor Diniz e Beatriz Diniz são funcionários da Ibyte e comentaram durante o evento como gostam da rotina do trabalho, ressaltando ainda o apoio das famílias, chefes e colegas.
Lucas Costa é coordenador de Desenvolvimento Humano da Ibyte e explicou que 35 pessoas com deficiência atuam na empresa, sendo oito com síndrome de Down. Ele comentou que o trabalho, iniciado em 2019, é realizado buscando as individualidades dos funcionários, pautando a neurodiversidade, envolvendo gestores e clientes.
Luís Roberto Studart, estudante de Cinema e Audiovisual na Unifor, afirmou ser uma honra estar no curso, contando com o apoio de professores e coordenação. Antes de escolher o curso, ele contou que chamou os pais para conversar sobre os planos e o futuro, algo importante para todos.
Marina Timbó e Melina da Costa são funcionárias da Raia Drogasil e comentaram atividades de suas rotinas, como organização dos produtos e contato com o público. As duas também exercem suas habilidades artísticas, seja na dança, no caso de Marina, ou nas artes plásticas, como Melina.
Os clientes do restaurante do Hotel Gran Marquise podem contar com a atenção do atendimento de Ketleyane Garcia. Ela disse que o trabalho é muito importante para ela e para a família e, por meio dele, ela pode auxiliar as pessoas.
Marcello Batista, o músico que tocou no começo do seminário, também comentou sobre sua atuação no Colégio Master, onde atua como auxiliar de turmas do ensino médio.
AUTONOMIA E PARCERIA
Médica geneticista Erlane Ribeiro Foto: Dário Gabriel
Para tratar da relação síndrome de Down e medicina, a médica geneticista Erlane Ribeiro citou o aumento da expectativa de vida das pessoas com a trissomia do 21, indicando alguns fatores relevantes como o diagnóstico precoce, o acompanhamento e o tratamento de doenças como o hipotireoidismo e as cardiopatias.
A médica comentou ainda o poder da autonomia para as pessoas com síndrome de Down nas diferentes fases da vida e o papel da família na construção dessa autonomia. Erlane reiterou que o acompanhamento das crianças com a síndrome precisa ter como foco a equipe multiprofissional.
A orientadora da Célula de Psicopedagogia do Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS) da Alece, Lídia Lourinho, e Socorro Timbó, orientadora da Célula de Fonoaudiologia do DSAS, apresentaram ao público questões sobre a inclusão no ambiente escolar.
Socorro Timbó compartilhou suas experiências como profissional e como tia de uma jovem com a síndrome, relatando os desafios enfrentados no ambiente escolar e a falta de preparação para acolher as especificidades de cada pessoa. Para ela, é preciso respeitar as individualidades para a inclusão no coletivo, assim como uma participação ativa da família no processo diário.
Lídia Lourinho destacou o papel da psicopedagogia para a efetivação da inclusão na escola, afirmando que o desafio é, muitas vezes, manter a criança na escola, uma vez que o acesso é garantido em lei. Para ela, a real inclusão passa pela compreensão das demandas pela equipe docente e pela inserção social, levando em consideração que, depois da família, o ambiente escolar é um grande espaço de socialização.
A programação do Dia Internacional da Síndrome de Down da Alece foi finalizada com a realização de uma sessão solene no Plenário 13 de Maio.
Edição: Clara Guimarães