Há mais de uma semana, o Hospital do Coração de Sobral está com os atendimentos ambulatoriais em cardiologia, cirurgias eletivas e hemodinâmica suspensos por conta da falta de um repasse de cerca de R$ 2 milhões referentes ao extrateto que foi aprovado em reunião com o Conselho Estadual de Saúde (CESAU) no dia 10 de julho e deveria ter sido pago até o dia 16 de agosto.
Foto: Divulgação\Sindicato dos Médicos
No sétimo dia sem atendimentos, a unidade emitiu um balanço revelando que mais de 600 consultas e exames deixaram de ser realizados em decorrência da situação. “O extrateto representa o trabalho realizado entre junho de 2021 e junho de 2022, ainda na época da covid, e que não haviam sido entregues. O caso vem prejudicando milhares de pacientes entre as mais de 50 regiões contempladas pelo atendimento do hospital, além da falta de materiais adequados para o trabalho dos profissionais da saúde”, explica o diretor do Sindicato dos Médicos do Ceará, Dr. Edmar Fernandes.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) informou que efetuou o repasse para ao Município no dia 23 de agosto. O sindicato afirma que, agora, a Prefeitura aguarda que a Câmara Municipal assine o decreto que autorizará o encaminhamento da verba ao hospital. A unidade filantrópica detalhou que, entre os procedimentos afetados pela suspensão dos serviços, destacam-se 518 eletrocardiogramas, 12 cateterismos cardíacos eletivos e 46 consultas cardiológicas, por exemplo.
Anteriormente, o Dr. Edmar Fernandes já havia ressaltado que o Hospital do Coração atende cerca de 57 municípios da região. Por isso, a estimativa é que a falta de atividades pudesse chegar a afetar até 1,8 milhão de pessoas. É válido destacar que atendimentos de casos de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST e de BAVT continuam acontecendo, bem como há suporte aos que já estavam internados.
Diante de toda essa situação, sabemos que existem muitos profissionais com atrasos de pagamentos, e é por isso que o Sindicato está atuando diretamente e acompanhando de perto esse caso. Temos pacientes que estão sendo prejudicados, portanto, o ideal é que o município e a Câmara consigam agir com celeridade para que os profissionais voltem a atender”, reforça a gerente jurídica do Sindicato dos Médicos, Dra. Thaís Timbó.
Esta não é a primeira vez que o sindicato denuncia problemas quanto aos repasses para o Hospital do Coração de Sobral. Em junho deste ano, uma campanha alertou, através das redes sociais e em outdoors espalhados pela cidade, sobre a possibilidade de que o equipamento encerrasse suas atividades. “Existem médicos do Hospital do Coração de Sobral que já estão há oito meses sem receber os devidos salários, além de profissionais que terceirizam insumos como luvas, máscaras, medicamentos e outros itens necessários para atendimentos cirúrgicos e de outros procedimentos”, contou o Dr. Edmar Fernandes ao Jornal O Estado.
No início da paralisação, a Sesa informou à reportagem que o Governo do Ceará repassa todos os meses a quantia de R$ 186,6 mil para manutenção dos serviços clínico e cirúrgico de cardiologia na unidade em questão e que o pagamento estava em dia.
Por Yasmim Rodrigues