- Foto: Bia Mdeiros
Três a cada dez brasileiras já foram vítimas de violência doméstica, segundo dados da 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher. E é contra esses índices que centenas de pessoas e diversas entidades se reuniram na 2ª Marcha em Defesa das Mulheres, realizada pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), por meio da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), neste sábado (16/03).
A mobilização teve como objetivo reunir forças na luta pelo fim da violência contra as mulheres e desigualdade de gênero, diante do contexto do aumento dos índices de violência contra a mulher no Ceará. A concentração inicial aconteceu em frente ao prédio da PEM e a caminhada seguiu até a Praça da Imprensa.
Para a procuradora especial da mulher, deputada Lia Gomes (PDT), a representatividade da marcha se torna ainda mais significativa diante do contexto histórico de conquista tardia do voto feminino. “Eu costumo dizer que há pouco menos de cem anos eu não poderia estar como deputada estadual e muitas das mulheres vereadoras também não. Mas é dia de a gente chamar a atenção para o que ainda nos falta, para alcançar essa tão sonhada igualdade, notadamente a questão da violência.”
Procuradora Especial da Mulher, deputada Lia Gomes (PDT) – Foto: Bia Medeiros
A parlamentar destacou ainda a presença das procuradorias no interior do Estado. “As procuradorias já estão em cerca de 130 municípios. Então, em lugares onde as mulheres não tinham nenhuma porta para bater, hoje elas podem ir até lá ser atendidas por um psicólogo, um advogado, um assistente social e conseguir um pedido de socorro, uma informação sobre a medida protetiva”, pontuou.
O presidente da Alece, deputado Evandro Leitão (PT), ressaltou a relevância de as mulheres estarem presentes em todos os espaços da sociedade, ocupando cargos de chefia e decisão.
“As mulheres não só da capital, mas de todo o interior do estado do Ceará estão aqui mostrando que têm sua voz, mostrando que estão inseridas em toda a sociedade, na política, seja em qualquer outro segmento. Nós temos que dizer que elas são uma peça extremamente importante na sociedade, sobretudo como a maioria da população”, destacou.
A procuradora adjunta da PEM, deputada Larissa Gaspar (PT), reforçou o propósito da iniciativa de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de respeitar e garantir os direitos das mulheres, além de assegurar uma vida livre de todas as formas de violência para todas.
“A gente quer uma vida livre de violência. A gente quer participar dos espaços de poder e decisão. Queremos nossa autonomia, nossa independência econômica. Queremos poder criar nossos filhos com tranquilidade, com segurança. Então a gente usa o momento da marcha para chamar a atenção da sociedade para essas questões”, disse.
O deputado Guilherme Bismarck (PDT), presente na caminhada, comentou sobre a importância da participação dos homens na causa. “O movimento tem que ter participação de todos da sociedade, principalmente os homens. Eu gostaria de ver mais homens lutando por esse espaço de poder para as mulheres. Não só por espaço de poder, mas contra toda violência contra a mulher”, assinalou.
Érica Praciano, da coordenação da PEM – Foto: Bia Medeiros
Na organização do evento e coordenação da PEM, Érica Praciano falou do trabalho realizado pelo órgão da Alece e da 2ª Marcha. “Esse movimento está na segunda edição. Costumo dizer que nossa avaliação é bastante positiva, porque é um movimento em que a gente engaja não só mulheres, mas também homens e entidades para estarmos juntos, fazendo nossa voz ecoar. Reivindicamos justiça, equidade de gênero, o enfrentamento à violência contra a mulher e a participação da mulher na política”, explicou.
Representando a UVC Mulher como presidente, Magnólia Aragão, vereadora de Tianguá, enfatizou o ato como uma das formas de enfrentar a luta da desigualdade de gênero. “Gratidão também aos homens que estão aqui hoje, para defender nossos direitos e continuar nessa luta contra todo e qualquer tipo de violência, seja ela física, psicológica, patrimonial e, principalmente, política de gênero, que tem assolado as mulheres possuidoras de mandato. Somente através desses atos conseguiremos atingir a nossa tão sonhada igualdade”, defendeu.
Denise Braga, presidente do SOS Mulheres, citou a alegria de vivenciar a marcha pela segunda vez. “Mais um momento. É a 2ª Marcha em Defesa das Mulheres, por igualdade, por justiça, por empatia, por direitos. Estamos com grandes expectativas para alcançar o maior número de pessoas, homens e mulheres na causa em defesa das mulheres.”
SERVIÇOS DE CIDADANIA
Prestação de serviços, com aferição de pressão – Foto: Bia Medeiros
Durante o evento, foram ofertados serviços de cidadania e saúde à população. Na sede da PEM, foi instalado o Balcão da Cidadania, possibilitando acesso à emissão da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), da Carteira de Trabalho Digital e Atestado de Antecedentes Criminais.
Já na Praça da Imprensa, concentração final da caminhada, o Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS) da Alece realizou aferição da pressão arterial e de glicemia, além da divulgação de informações para a população por meio da Célula de Odontologia e Nutrição. Houve também a entrega de mudas, serviços de massoterapia e a Feirinha de Mulheres Empreendedoras.
Auxiliadora Souza Silva, moradora do bairro Granja Portugal, participou da marcha e, além de se engajar na luta em defesa das mulheres, também usufruiu dos serviços oferecidos. “Eu estava precisando tirar a minha identidade e consegui. Esse movimento é importante para nós”, disse.
Para saber mais sobre o trabalho realizado pela Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Alece, acesse: https://www.al.ce.gov.br/paginas/procuradoria-especial-da-mulher
Edição:Adriana Thomasi