- Foto: Máximo Moura
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), por meio do Núcleo de Projetos Especiais Revista Plenário, apresentou sua publicação impressa e o webdocumentário “Resistir para Existir” na 10ª edição da Festa do Mangue, no Quilombo do Cumbe, município de Aracati. A comunidade, que foi reconhecida como terra quilombola pela Fundação Cultural Palmares em 2014, participou da matéria de capa da última edição da Revista Plenário Alece.
O presidente da Associação do Quilombo do Cumbe e uma das lideranças mais emblemáticas da região, João do Cumbe, comenta que o trabalho da Alece sobre os quilombos do Ceará é de suma importância para tirar da invisibilidade uma população que, historicamente, vem sendo excluída dos processos de tomada de decisões. “Hoje, não podemos mais construir narrativas de que no Ceará não existe quilombo. Nós estamos aqui mostrando nossa força, ancestralidade, práticas seculares, saberes e modos de fazer importantes para a nossa existência e resistência nos territórios quilombolas do Ceará”, pontua.
O Quilombo do Cumbe tem uma história rica de luta e preservação de sua cultura ancestral, em que o mangue, os rios e o mar se encontram como fonte de vida e subsistência para a comunidade. Na Festa do Mangue, os moradores abrem as portas da comunidade para receber os visitantes reunindo forças para a luta coletiva em defesa do território e pela conscientização sobre o manguezal. Entre oficinas, cantos e rodas de conversa, a festa é uma celebração tradicional, enraizada na cultura afro-brasileira e na resistência quilombola.
Jornalista Dídio Lopes apresenta trabalho da Revista Plenário Alece à comunidade do Quilombo do Cumbe
OFICINAS
Para participar das oficinas, pequenos barcos se deslocam pelo Rio Jaguaribe, levando os visitantes para um braço do mangue. No local, uma grande roda se forma no meio do mangue, onde as marisqueiras e pescadoras falam sobre a importância da preservação da história e da cultura do Cumbe.
Para a marisqueira da comunidade, Cleomar Ribeiro, as oficinas da Festa do Mangue são simbólicas para a sobrevivência da atividade marisqueira e pesqueira da região. “Para nós é importante mostrar essa vivência, para que todos os visitantes possam acompanhar a prática da mariscagem, das pescas e da cata do caranguejo. Uma atividade da nossa comunidade que é muito importante para nossa economia local”, comenta.
Participando pela terceira vez consecutiva da festa, o biólogo e professor de Biologia, Danilo José Lima de Sousa, conta que conheceu a associação e o Cumbe a partir da vivência que o quilombo oferta: o “Cumê no Mato”. Ele e o marido aproveitaram o final da pandemia e encontraram essa opção fora do turismo de massa.
“Posso dizer, com certeza, que a Festa do Mangue do Quilombo do Cumbe se tornou um verdadeiro ponto de renovação, um momento para revigorar e reenergizar a mente, o coração, a alma e o corpo. O contato com a natureza, com a força dos nossos guias e antepassados, com energias que vão além das palavras”, diz o biólogo.
Neste ano, a coordenação do evento acredita que aproximadamente 300 pessoas passaram pelo Cumbe durante o fim de semana. Um enorme desafio para a organização da comunidade. “É muita responsabilidade porque a gente quer receber todo mundo bem. Durante esses três dias vocês são nossa família também, a gente divide tudo que tem e todo ano a busca é para melhorar”, finaliza o presidente da Associação, João do Cumbe.
Os produtos do Núcleo de Projetos Especiais Revista Plenário estão disponíveis nos seguintes links: Revista; WebDoc (parte 1) e parte 2; e Galeria de Imagens.